19 de abril de 2015

Tubarões ficam mais calmos ao ouvir AC/DC


No programa “Pretinho Básico” da Rádio Atlântida de Porto Alegre (RS) estava sendo lido um e-mail, enviado por um ouvinte, com diversas curiosidades. Fiquei muito intrigada quando leram que: “Tubarões ficam calmos ao ouvir AC/DC”.

Considerando que os tubarões são peixes e, por isso, vivem sob a água, primeiramente sobreveio a pergunta: Como fizeram tubarões ouvirem AC/DC?

A segunda pergunta é: Tubarões escutam?

Os sistemas sensoriais de tubarões e arraias são refinados, mas estão ajustados às suas necessidades.

Os sons são sinais mecânicos, ou seja, são vibrações.

Nos seres humanos há três ouvidos: o externo que capta as vibrações, o médio que amplifica estas vibrações e o ouvido interno com células ciliadas que captam diferentes frequências vibratórias e transferem para o córtex cerebral. É no córtex cerebral, onde há uma rede nervosa responsável pela interpretação destes sinais, que se escutam as músicas. Ou seja, a interpretação dos sons é um processo bastante elaborado e necessita de redes neurais especializadas.

Além da percepção sonora, o ouvido interno está relacionado com o equilíbrio, sendo esta sua função mais primitiva, pois nem todas as espécies necessitam ouvir, mas todas precisam se equilibrar. As redes neurais relacionadas ao equilíbrio são diferentes daquelas usadas para audição de uma música, por exemplo.

Assim, como várias espécies, os tubarões utilizam o ouvido interno para o equilíbrio, mas eles não têm nem orelhas, nem um ouvido médio, apesar disso, eles conseguem perceber sons, ou melhor, vibrações.

Os tubarões podem detectar uma presa a partir das vibrações emitidas por elas, que eles captam em mecanoreceptores distribuídos ao longo do corpo numa estrutura chamada de linha lateral.

Esquema da localização da linha lateral em tubarões (em vermelho)

A linha lateral é um órgão usado por todos os peixes para detectar, com extraordinária sensibilidade, movimento e vibração na água circundante. As suas linhas laterais são capazes de captar vibrações de médias e baixas frequências, correntes, mudanças na temperatura e pressão da água, assim como localizar obstáculos e alimentos em águas turvas. Assim, sua audição é mais tátil do que sonora.

Detalhe da Linha Lateral

Do mesmo modo, um tubarão pode também detectar, pela turbulência causada, a aproximação de um inimigo de grande porte.

Os tubarões são predadores e por isso vibrações que se assemelham aos peixes se debatendo os atraem, infelizmente, em operações de resgate em alto-mar, os helicópteros acabam atraindo tubarões porque as vibrações dos seus  motores se assemelham às dos peixes se debatendo.

Portanto, os tubarões usam sua “audição” em função da alimentação e não para curtir. O olfato e esta sensibilidade às vibrações são os primeiros mecanismos utilizados na detecção de potencial alimentação. Sabe-se que uma vibração desconhecida, tanto pode provocar curiosidade como medo no tubarão.

Então se o AC/DC os deixa “calmos” podemos especular que os tubarões não sentem nem curiosidade para se aproximarem nem medo para fugirem.

Porém, mesmo que não sirva para curtir rock and roll, o papel da linha lateral para percepção dos tubarões tem sido bastante investigado no intuito de compreender-se melhor a navegação de animais debaixo de água, a fim de serem desenvolvidos melhores sistemas de orientação em veículos submarinos autônomos (AUVs).

Recentemente descobriu-se que a linha lateral auxilia o olfato de tubarões.

Os Tubarões são conhecidos por terem um aguçado olfato, que em várias espécies é fundamental para encontrar comida. No entanto, de acordo com nova pesquisa de biólogos marinhos da Universidade de Boston, os tubarões não podem usar apenas o nariz para localizar a presa, pois eles também precisam da linha lateral.

Até agora, não tinha sido demonstrado que a linha lateral também ajudava no rastreamento de odores.

No mundo animal, os odores são usados para localizar alimentos, parceiros para acasalamento e direção para casa, entre outros. No entanto, o odor em si não tem propriedades direcionais, por isso os animais devem usar uma variedade de sentidos para descobrir a direção de um cheiro.

O novo estudo analisou a contribuição do sistema perceptivo da linha lateral e da visão ao olfato, na detecção da fonte de odor e localização no tubarão-cachorro (Mustelus canis).

Tubarão-cachorro (Mustelus canis)

Os resultados mostraram que a capacidade para encontrar a fonte de um odor fica severamente limitada neste tubarão, quando ele é privado de informações de sua linha lateral, especialmente no escuro.

O professor Jelle Atema, coordenador do grupo de pesquisas, enfatiza que, na água, um animal em movimento deixa para trás um vórtice de turbulência aromatizado por seu cheiro corporal.

Jelle Atema e Jayne Gardiner conduzindo um experimento.

Os tubarões com suas linhas laterais intactas demonstraram uma preferência pela fonte de odor relacionada com maior turbulência, independente da condição de luz.

Quando foram tratados com estreptomicina, um antibiótico que interfere com a função normal das “células ciliadas” da linha lateral, houve aumento do tempo de busca. Em condições normais de luminosidade a “inativação da linha lateral” não afetava a taxa de sucesso ou preferência pelo tipo de odor. Já nos testes realizados no escuro, o tempo necessário para encontrar as fontes de odor se tornou muito maior.

 Estes resultados demonstraram pela primeira vez que os tubarões utilizam a percepção tanto olfativa quanto da linha lateral para o rastreamento eficiente e preciso das fontes de odor.

Como o tubarão cachorro se alimenta, principalmente, no escuro, pois ele caça caranguejos, lagostas, camarões e pequenos peixes, as informações de sua linha lateral são essenciais.

FonteTe liga.net

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