Infames por sua persistência, as baratas muitas vezes são citadas como as únicas prováveis sobreviventes a um holocausto nuclear. Compreender como as baratas — e muitos outros insetos — conseguem sobreviver à decapitação também pode ajudar a entender porque os humanos não são capazes de tal façanha.
A explicação para esse fenômeno bizarro é simples: as principais estruturas vitais da barata não estão na cabeça. O coração é um vaso estendido ao longo do dorso do bicho. O sistema nervoso fica espalhado pelo abdômen. E mais importante: as baratas respiram por estruturas chamadas espiráculos, uma série de pequenos poros distribuídos ao longo do corpo que mantêm o entra-e-sai de ar numa boa. Além disso, a nojenta tem uma pressão sanguínea muito menor que a dos mamíferos. Por isso, quando ela é decapitada, não rola uma perda de sangue que comprometa sua sobrevivência. “Todos esses fatores juntos podem fazer com que uma barata viva durante um mês decepada”, afirma o biólogo Joseph Kunkel, da Universidade de Massachusetts em Amherst, nos Estados Unidos. Claro que sem a cabeça a desgraçada não vai conseguir fazer grande coisa: ela vai perder os olhos, o cérebro e, principalmente, a boca. Por isso, a barata vai ter de se virar com o último rango que mandou pra dentro — a comida pode dar energia por até 30 dias. Depois, a filha-da-mãe finalmente morre de fome. O cérebro da barata não controla sua respiração, e o sangue não carrega oxigênio por todo o seu corpo. Na verdade, os espiráculos mandam o ar diretamente para os tecidos através de uma série de tubos chamados traquéias.
Por mais maluco que pareça, esse dom de viver sem cabeça não é a única habilidade dessa verdadeira heroína da resistência. A barata suporta várias chineladas (a carcaça de quitina é superdura) e consegue regenerar patas arrancadas em poucos dias. Sem contar que algumas espécies aguentam passar mais de meia hora debaixo d'água. Pesquisas paleontológicas indicam que os ancestrais das baratas já habitavam nosso planeta há mais de 300 milhões de anos. Hoje, são mais de 3.500 espécies espalhadas pelo mundo, reproduzindo-se a uma velocidade enorme: um casal de baratas pode gerar até 100 mil descendentes no período de um ano! Por isso é tão difícil se livrar delas.
Alô?! |
As baratas também são poiquilotérmicas, ou seja, são animais de “sangue frio”. Consequentemente, não gastam energia para se manter aquecidas e, assim, conseguem sobreviver com uma quantidade muito menor de alimento. Elas conseguem se virar por semanas com apenas uma refeição, explica Kunkel. “Se não forem vítimas de algum predador, ficarão quietas e durarão por mais algum tempo”.
E não é apenas o corpo que consegue sobreviver à decapitação; a cabeça também continua funcionando sozinha, mexendo as antenas pra lá e pra cá por horas até ficar sem energia, revela Kunkel. Se receber nutrientes e for refrigerada, uma cabeça de barata pode até durar mais.
Decapitar uma barata pode parecer macabro, mas cientistas já conduziram vários experimentos com baratas sem cabeça — e só com as cabeças — para responder a questões pertinentes. Ao literalmente perderem a cabeça, as baratas ficam privadas de hormônios que controlam o amadurecimento, uma descoberta que está ajudando os pesquisadores a investigar a metamorfose e a reprodução dos insetos. Já o estudo das cabeças separadas revela como os neurônios dos insetos funcionam. No final das contas, os resultados são mais uma prova da resistência invejável dessas criaturas. Uma barata sem cabeça pode não ser a mais esperta, mas com certeza consegue sobreviver.
Elas conseguem viver de três dias a nove semanas sem cabeça. Acho que elas tiveram algum contato direto com Chuck Norris (rs).
Fontes:
Mundo Estranho
Scientific American Brasil
Segue um vídeo de uma barata sem cabeça:
Leia também:
Realmente, invejáveis na sua resistência.
ResponderExcluir